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Em um canto muito especial da Amazônia, chamado Mamirauá, as onças desenvolveram uma capacidade surpreendente de viver na copa das árvores por cerca de 4 meses do ano. Você pensa em conhecer a Floresta Amazônica? Então, vai gostar de saber essa história.
“A Amazônia é o principal ecossistema para a conservação da onça-pintada, porque nela vive a maior população de onças do planeta, onde existe a maior quantidade de áreas protegidas para a espécie e também abundância de presas”, conta Emiliano Ramalho, pesquisador do Instituto Mamirauá.
É em Mamirauá, uma Reserva de Desenvolvimento Sustentável com mais de um milhão de hectares, entre os rios Solimões, Japurá e Auati-Paraná, que o sobe e desce das águas, típico dos períodos de cheia e seca, foi gerando uma dinâmica muito especial da vida dos bichos, das plantas e das comunidades ribeirinhas que vivem por ali.
Se você sonha em viajar para a Amazônia e viver uma experiência profunda de contato com a floresta, ver a biodiversidade da região e conviver com comunidades ribeirinhas, Mamirauá é um ótimo lugar para ir.
Gatos não gostam de água?
As onças parecem negar esse senso comum.
Sua capacidade de se adaptarem ao meio ambiente levou onças a se tornarem exímias nadadoras, ao contrário da maior parte dos outros felinos.
Viralizaram nas redes sociais imagens de onças mergulhando nos rios para caçar jacarés, principalmente no Pantanal.
Mas, isso não é tudo.
Um estudo publicado na Ecology, uma das mais importantes revistas científicas da área, mostra que as onças-pintadas que habitam áreas alagadas da Amazônia podem passar praticamente um terço de sua existência sobre a copa das árvores. Isso significa que as onças caçam, se reproduzem e criam sua prole literalmente sobre as águas.
As secas e cheias em Mamirauá
A Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá é uma região de rara beleza.
Um dos seus diferenciais é que ela é composta inteiramente de florestas de várzea, ambientes inundados sazonalmente pelas águas do Rio Amazonas.
Durante um terço do ano, as águas chegam a subir até 10 metros.
Essa mudança no nível dos rios separam espécies terrestres dos seus habitats, o que as obriga a adotar um estilo de vida arbóreo e semi-aquático ou migrar para sobreviver.
No entanto, uma alta densidade populacional de onças vem sendo registrada pelas armadilhas fotográficas instaladas na floresta, despertando a curiosidade dos cientistas.
Onças vivendo na copa das árvores?
Em Mamirauá, durante quatro meses do ano, quando o rio transborda seus limites e enche as florestas com água, esses animais buscam a parte de cima das árvores para morar.
Para se abrigar, eles preferem árvores com copas largas e galhos longos. É o caso do apuizeiro, vegetação típica da várzea. Troncos de enormes árvores caídas, como a gigante samaumeira, também são opções.
É um período de baixa atividade para as onças, em que o número de presas disponíveis é menor, e elas nadam de uma árvore para outra em busca de alimento.
A alimentação das onças
Se durante a época seca, as onças dessa região podem se alimentar de animais como jacaré-tinga, tamanduás-mirins e também de ovos de jacaré-açu; na cheia, a dieta básica é feita de bichos-preguiça e macacos-guariba, que são refeição garantida o ano todo.
“A onça é fundamental nos lugares onde vive. Ela controla as populações de animais que ela caça e, com isso, mantém o equilíbrio dessas comunidades biológicas”, diz. “Ou seja, a onça-pintada é fundamental para a conservação da floresta, e a floresta é essencial para a sobrevivência da onça-pintada”, conta Emiliano Ramalho.
A adaptação das onças ao período de cheias dos rios
As condições do ambiente também determinam mudanças físicas, além das comportamentais, nas onças da várzea amazônica.
Em comparação às “parentes” do Pantanal, que ultrapassam os 100 quilos, as onças-pintadas em Mamirauá são menores e mais esbeltas. A maior onça de várzea já documentada pela ciência é um macho de 72 quilos que recebeu o nome de Galego.
O período de acasalamento das onças
Acasalando no período das cheias, a mães garantem que seus filhotes nasçam durante a estação em que as águas estão baixando (vazante) e as presas são abundantes.
Resumindo, abundância de comida aumenta as chances de sobrevivência dos filhotes durante os primeiros meses e também garante que eles serão grandes o suficiente para se mudar e nadar assim que a enchente anual estiver de volta.
Todos esses fatores e muitos outros são responsáveis por essa brilhante adaptação que proporciona esse caso único e tão especial das onças de Mamirauá.
Sobre o Instituto Mamirauá
O Instituto Mamirauá é referência nacional e internacional em desenvolvimento sustentável para a conservação da biodiversidade e melhoria da qualidade de vida da população amazônica.
Localizado no coração da Amazônia, suas ações são voltadas à criação e à consolidação de modelos de uso da biodiversidade para o desenvolvimento econômico e social de comunidades tradicionais.
Quer ver a riqueza natural e cultural de Mamirauá?
Entre os projetos do Instituto, está o Uacari Lodge, hospedagens para quem quer ficar no meio da selva.
Essa hospedagem que já recebeu diversos prêmios de sustentabilidade e empreendedorismo foi criada em 1998 como uma estratégia de conservação da biodiversidade e alternativa econômica para as comunidades de Mamirauá, a primeira Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Brasil.
Trata-se de um hotel flutuante que, por essa característica, se adapta perfeitamente às cheias e secas dos rios da região.
Ali, o visitante vai poder experimentar muitas alternativas de contato com a riquíssima natureza e com as comunidades locais. Entre estas alternativas, estão uma expedição com cientistas para avistar a onça-pintada, observação de pássaros, saídas fotográficas e muito mais.
Quer conhecer Mamirauá se hospedando no Uacari Lodge?
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https://www.mamiraua.org.br/noticias/muito-prazer-meu-nome-e-onca-pintada