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Ficar frente a frente com um gorila de quase 200 quilos e 1,7 metros de altura, vivendo livre em seu habitat natural… esta é uma das experiências mais intensas de contato com a natureza que acontece atualmente e ela pode ser vivida em Uganda.
Conhecido como “Pérola da África”, o país ainda reserva muitas outras atrações capazes de surpreender até os turistas mais experientes.
Sua localização é privilegiada: divide fronteiras com Sudão, Ruanda, Congo, Quênia e Tanzânia. O país é um celeiro de vida selvagem com natureza pungente para todos os lados. Seu território de cerca de 240 mil quilômetros quadrados, pouco menor que o estado de São Paulo, se divide em muitas paisagens distintas, compostas por crateras vulcânicas, savanas e lagos.
Entre suas inúmeras atrações, ao sul, está o Lago Vitória, situado também nos territórios da Tanzânia e do Quênia. Com uma área de 69 mil quilômetros quadrados (quase a mesma da Irlanda), é na borda do Vitória que nasce o Nilo, um dos mais importantes rios da África e, talvez, o mais famoso deles.
Além de ser o maior do continente africano, o Vitória é também, o maior lago tropical do mundo e o segundo maior de água doce em termos de área, perdendo apenas para o “Superior”, situado entre os Estados Unidos e o Canadá, com 82 mil quilômetros quadrados.
Outro destaque do país são as florestas, com uma biodiversidade de encher os olhos e, felizmente, muito bem protegida em parques nacionais.
Parque Nacional Impenetrável de Bwindi – onde vivem os gigantes
Quem assistiu ao filme “Nas montanhas dos gorilas” (1988), pôde ver a luta da zoóloga americana, Dian Fossey – interpretada pela atriz Sigourney Weaver – pela preservação dos gorilas das montanhas ameaçados de extinção.
Apesar de o filme ser ambientado no país vizinho, Ruanda, a maior concentração destes primatas se encontra na porção sudoeste de Uganda, zona fronteiriça entre a Ruanda e o Congo.
Considerado Patrimônio Mundial pela Unesco, o parque ocupa uma área de 320 quilômetros quadrados de planícies e florestas de montanha. O nome “Impenetrável” já avisa que as caminhadas podem não ser tão tranquilas, dependendo da distância em que os Gorilas estiverem.
A biodiversidade da região é especial. Não à toa, dividem o parque com os Gorilas, cerca de 120 espécies de mamíferos, 150 de pássaros, 348 de aves e 202 de borboletas; além de 200 de árvores e 100 de samambaias.
Após anos de caça predatória que visava o consumo de carne e a venda ilegal de partes de seus corpos como amuletos, no mercado negro, os gorilas-das-montanhas agora são protegidos e podem ser avistados após um trekking no meio da floresta, que pode durar entre uma e oito horas, dependendo da localização dos animais.
Há pouco mais de 700 exemplares da espécie em todo o mundo e mais da metade pode ser encontrada ali, divididos em grupos ou famílias espalhados por todo o parque, que é mantido, em boa parte, graças à atividade turística.
Para localizá-los, são feitos monitoramentos constantes que acompanham sua movimentação a fim de rastrear as famílias. A partir daí é que é determinado o tempo de caminhada que pode ser curto ou mais longo por uma floresta densa com trechos de terreno íngreme.
Após o encontro, são 60 minutos de uma intensa e inesquecível experiência de dividir o espaço com estas feras em que é permitido observar, fotografar e filmar – mas sem interferências – há poucos metros de distância. Os Gorilas estão acostumados à presença humana, devido ao contato diário com os guardas do parque e pesquisadores.
Parque Nacional da Floresta de Kibale – lar dos nossos parentes mais próximos
Parque Nacional da Floresta de KibaleLocalizado na porção ocidental do país, aos pés das Montanhas Rwenzori, também chamadas de “Montanhas da Lua”, o parque abrange uma área de 760 quilômetros quadrados e faz fronteira com o Parque Nacional Rainha Elizabeth, formando uma floresta contínua que se estende por mais de 180 quilômetros.
O que mais chama atenção ali é sua rica biodiversidade, com mais de 220 espécies de árvores, mais de 200 de borboletas, 60 de mamíferos, 350 de aves que formam um multicolorido incrível, além de 13 de primatas, com destaque para os chimpanzés, que são a vedete do local, com mais de 500 indivíduos.
Para chegar até eles – ou o mais próximo possível para avistá-los –, é preciso realizar um trekking pela floresta na companhia de um guia que, além de orientações, conta curiosidades sobre o local. O terreno a ser enfrentado é íngreme e acidentado. Mas, ao se deparar com uma família e poder observar a espécie que é a mais próxima de nós, humanos – com 98,7% do mapa genético compartilhado – todo o cansaço físico parece ir embora.
Parque Nacional Queen Elizabeth – uma das maiores biodiversidades do mundo
Ugandan KobVizinho ao Parque Nacional da Floresta de Kibale, está outra atração imperdível de Uganda. Com uma área de mais de 2 mil quilômetros quadrados, o Parque Nacional Queen Elizabeth possui paisagens diversas e surpreendentes entre si.
São savanas, colinas, florestas, montanhas e crateras muito profundas. Em seus domínios também se encontram os lagos Edward e George conectados pelo canal Kazinga, com 32 quilômetros de extensão onde, durante um cruzeiro, é possível observar crocodilos do Nilo e uma grande concentração de hipopótamos.
Além deles, o parque abriga leões, leopardos, elefantes e diversas espécies de antílopes, como o raro Ugandan Kob; e os leões escaladores de árvores, da região de Ishasha. Como se não bastasse, ali vivem mais de 600 espécies de aves, o que corresponde a um quarto do volume total da África. Não à toa, o parque exibe uma das maiores biodiversidades do mundo.
Recomendações
É preciso estar muito bem preparado para esta viagem, a começar pelas condições físicas. O trekking pelas florestas de Uganda não é para iniciantes, portanto, não recomendado para menores de 15 anos.
Além disso, é preciso levar sapatos próprios para longas caminhadas, calças leves e meias compridas para serem colocadas por fora das calças. Esta medida evita a dolorosa picada das famosas formigas-safari e de outros insetos. Não esqueça também de camisetas de mangas longas e casacos impermeáveis.
Por último, não rejeite o bastão de madeira fornecido pelos guias no início da caminhada, que será um importante instrumento de apoio. Leve uma boa máquina fotográfica ou bateria extra para o celular.
Leia mais dicas em nosso post “Viagem de ecoturismo: o que levar e como se preparar”.
Não esqueça do bom humor e lembre-se de recolher todo o seu lixo e de tirar da natureza apenas fotos. No mais, é aproveitar, colecionar histórias e preparar uma vasta listas de adjetivos, além de “inesquecível”, para classificar sua viagem.