Namíbia: um dos países menos povoados do mundo guarda surpresas inesquecíveis

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Seguindo nossa série especial de posts sobre o Sul da África, chegou a hora de falar sobre a Namíbia. Já falamos sobre Botswana no post anterior – um país incrível que protege muitos animais raros e com risco de extinção. Se você ainda não leu clica no link para ler logo depois deste.

Localizada na porção sudoeste do continente e ocupando uma área de mais de 825,4 mil quilômetros quadrados, a Namíbia é um dos países menos povoados do mundo, e também um dos mais seguros para viajantes que vão ao continente.

A Namíbia faz fronteira com Angola, África do Sul, Botswana e Zâmbia. O nome Namíbia deriva do nome do deserto do Namibe – considerado o mais seco e antigo do mundo – e que significa “área onde ali não há mais nada”. Porém, ao contrário do que o nome sugere, ali há muito o que ver e fazer.

É um país único, com atrações incríveis, entre as quais os excelentes safaris para observar os famosos “Big Five”. Mas, para além dos safaris, há muito mais o que se ver na Namíbia. E nós, da Ambiental, separamos alguns excelentes motivos para incluir este país em suas próximas férias. Confira!

A capital – onde o passeio começa

Não apenas os safaris e desertos atraem os turistas a este país. A capital Windhoek mais parece uma cidade europeia por seu estilo arquitetônico herdado da época que era colônia da Alemanha.

Localizada na porção central do país, é um importante centro comercial de peles de ovelha e é considerada a porta de entrada para a Namíbia.

Ali, vale o passeio pela badalada Independence Avenue, cheia de bares, restaurantes e casas noturnas; e a visita da Christus Kirche, igreja construída no alto de uma colina a qual pode ser vista de qualquer parte da cidade.

Outro ponto que merece a visita é o Owela Museum, um prédio que faz parte do Museu Nacional da Namíbia e que possui uma arquitetura muito interessante. Ali é possível encontrar exposições sobre a história natural e cultural do país, sendo cada um dos andares com um tema diferente. Em seu topo há um restaurante com um terraço aberto que oferece uma bela vista panorâmica da cidade.

No quesito gastronomia, um dos lugares mais recomendados na capital é o Joe’s Bierhaus, um restaurante temático que, além de um bom preço, oferece pratos diferentes, com carnes de zebra, avestruz, oryx e crocodilo; além de uma grande variedade de cervejas.

A joia rara da Namíbia – O Parque Nacional Etosha

Namíbia: um dos países menos povoados do mundo guarda surpresas inesquecíveis

Situado ao norte, distante seis horas da capital por via terrestre e ocupando uma área com cerca de 23 mil quilômetros quadrados está o Parque Nacional Etosha, um refúgio dos maiores animais da Terra.

Apesar de a paisagem muitas vezes parecer estéril, é considerado uma joia rara por abrigar tipos raros de vida animal. É o lar de mais de 114 espécies de mamíferos: rinocerontes negros, elefantes, zebras, leões, gazelas e girafas; 340 de aves, como flamingos, abelharuco europeu, avestruz e abetarda-gigante; além de 16 de répteis.

A preservação do meio ambiente é tão intensa no Etosha que o governo chegou a construir poços de água, além daqueles que a própria natureza forma, uma vez que ali, água é um recurso bastante escasso. Sem isso, os animais não sobrevivem à aridez de suas vastas planícies.

Um pouco menos cheio que o Kruger Park, na África do Sul; e o Serengeti, na Tanzânia; o Etosha fica aberto do nascer ao pôr do sol, e safaris noturnos podem ser agendados com guias do próprio parque. A época de temperaturas mais apropriadas para visitar o local é de maio a setembro, que são os meses mais frios, pois, no geral as temperaturas são muito altas.

Uma maravilha que pode ser vista do espaço

Ainda dentro do Etosha, há o Pan do Etosha, uma gigante área recoberta por sal, com 120 quilômetros de comprimento e 72 quilômetros de largura, abrangendo cerca de 25% do território do parque.

Segundo estudiosos, a depressão, também chamada panela (pan, em inglês) surgiu há mais de 100 milhões de anos e, há 16 mil anos, teria começado a receber as águas do Rio Kunene. No entanto, tempos depois, o curso do rio teria mudado em decorrência dos movimentos das placas tectônicas que ficam na região e, a partir daí, este passou a desaguar no Oceano Atlântico, fazendo com que o lago secasse lentamente.

E foi a brancura que deu origem ao nome do parque, já que na língua da tribo de Ovambo, Etosha significa “grande lugar branco” e que pode ser visto, inclusive, do espaço.

Existe uma lenda contada pelos guias do parque que afirma que onde está o Pan, hoje, existia uma pequena vila que foi invadida e todos os homens foram mortos, restando apenas as mulheres. Uma dessas mulheres, de tão triste com a morte de sua família, chorou tanto que formou o lago de águas salgadas.

Namíbia: um dos países menos povoados do mundo guarda surpresas inesquecíveis

Um safari especial é realizado no seu entorno e é quando os visitantes conseguem observar animais incomuns que se adaptaram ali, como os famosos rinocerontes negros, impalas de cara negra, cães-selvagens e aves como pelicanos e flamingos.

Em relação a estes últimos, a região é o único local de reprodução em massa conhecido para os flamingos na Namíbia e que pode chegar a receber cerca de 1 milhão de indivíduos. Na estação chuvosa, partes da panela formam poças de água de chuva e, em anos particularmente úmidos, a panela inteira se torna mais uma vez um lago, com cerca de 10 centímetros de profundidade, o que atrai milhares de pessoas para presenciarem este evento raro.

A atração é também considerada Ecoregion do World Wildlife Fund e também foi usada como pano de fundo durante as filmagens de “2001 – Uma Odisseia no Espaço”.

Atrações do deserto mais antigo do mundo

Ao contrário da origem do nome – citada no começo deste post –, há muito que se ver no Deserto do Namibe, considerado o mais antigo do mundo, com cerca de 43 milhões de anos e que vem mantendo sua forma atual há, pelo menos 2 milhões de anos.

Localizado ao longo de toda costa da Namíbia, o deserto é composto pelas dunas mais altas do mundo, criadas pelos ventos fortes que presentes na região, cuja ação forma uma paisagem de tirar o fôlego.

Confira as principais atrações deste lugar de beleza ímpar.

  • Namib-Naukluft National Park, Sossusvlei e Dead Vlei

Uma parte central do deserto engloba o maior “game park” da África e que se divide em quatro seções, sendo Sossusvlei, a mais conhecida delas, com suas lindas dunas que receberam o posto de principal atração turística da região. A maior das dunas é chamada de “Big Daddy” e tem cerca de 380 metros de altura. Uma boa dica é visitar o lugar ao nascer ou pôr do sol, horários em que, por conta da luz, é possível observar melhor os diferentes tons de laranja, marrom e vermelho.

Ainda na mesma região, encontra-se o Dead Vlei, uma área plana, seca e estéril, onde não existiu mais vida após a evaporação total da água. Sua localização privilegiada torna a paisagem ainda mais bela já que o vale esbranquiçado está localizado entre dunas de areias vermelhas que, somadas ao azul do céu e às árvores mortas, torna tudo um cenário surreal.

Estima-se que as árvores ali tenham aproximadamente 900 anos e não sofreram decomposição por conta do clima seco que é desfavorável à sobrevivência de bactérias e fungos responsáveis por fazer este trabalho na natureza.

  • Visitar tribos

Explorar grandes áreas desérticas na África é uma tradição não apenas para safaris, mas também para conhecer populações nômades com costumes bastante antigos. O grande Deserto da Namíbia abriga tribos que o viajante pode visitar para ter contato e conhecer seus hábitos.

Namíbia: um dos países menos povoados do mundo guarda surpresas inesquecíveis

Não perca a chance de visitar as tribos Himba, em Kamanjab; e a Damara, em Damaraland, e tenha a oportunidade de vivenciar e sentir na pele como vivem os indivíduos que sobrevivem ali há milhares de anos.

  • Conhecer resquícios de civilizações pré-históricas

Descoberto em 1921, o sítio arqueológico Twyfelfontein é um lugar com suas impressionantes pinturas rupestres datadas de 6 mil anos. Segundo os guias locais, sua origem está em tribos nômades que passavam por ali por volta de 4000 a.C, de etnias diferentes e que realizavam rituais xamânicos, registrando-os nas pedras.

  • Brandberg

Esta é a maior montanha da Namíbia e pode ser vista de diversos lugares. Neste deserto existem também as dunas mais altas do mundo, vistas quando se está a caminho do Cânion Sesriem, que tem uma profundidade de 30 metros, localizado no Rio Tsauchab.

Um deserto não tão desértico assim

O Kalahari é uma porção árida compartilhada pela África do Sul, Botswana e Namíbia e é considerada uma das cinco áreas geográficas do país e mais bem conhecidas da Namíbia.

Apesar de ser popularmente conhecido como um deserto, possui uma grande variedade de ambientes, incluindo alguns localizados em áreas de vegetação perene e, tecnicamente, não consideradas como desérticas.

Um deles, conhecido como o Succulent Karoo, é o lar de mais de 5 mil espécies de plantas, quase metade delas endêmicas; concentrando cerca de 10% das suculentas do mundo. Uma das principais explicações para isso está nas chuvas que caem de forma estável na região.

Fish River Canyon – o segundo maior do mundo

Namíbia: um dos países menos povoados do mundo guarda surpresas inesquecíveis

Ao sul da Namíbia, em uma região árida, fica o Fish River Canyon. Esse é o maior cânion do hemisfério sul e o segundo maior do mundo, ficando atrás apenas do Grand Canyon, no estado americano do Arizona.

Ao todo, são 160 quilômetros de comprimento, chegando em alguns pontos a 27 quilômetros de largura e 550 metros de profundidade. O cânion faz parte de um parque nacional e o Fish River nasce no centro do país e desce até encontrar o Orange River.

Swakopmund – destino dos viciados em adrenalina

Fundada em 1892, quando foi escolhida como o porto principal durante a colonização alemã, a cidade é considerada um refúgio de muitos namibianos nas férias. Swakopmund possui ruas arborizadas e um clima mais ameno.

A cidade é também conhecida como a capital da aventura por conta dos inúmeros esportes radicais que podem ser praticados ali, que variam entre paraquedismo, sandboarding, passeios de quadriciclo, pesca submarina e passeios de balão.

Estes são só alguns dos atributos com os quais a Namíbia pode presentear você, viajante aventureiro e curioso da vida natural e selvagem. E vem muito mais conhecimento por aí, nos próximos artigos desta série especial de posts sobre o sul da África.

Se você se impressionou com o Etosha na Namíbia, sentirá a emoção de vivenciar o Kruger Park na África do Sul em nosso próximo post. Fique com a gente!