Filmes que vão fazer você sentir vontade de viajar – Parte II

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Quem ama cinema e viagens não costuma perder a chance de conhecer lugares que serviram  de locações para grandes histórias. Neste segundo post da série sobre filmes e seus cenários, nós, da Ambiental Turismo, convidamos você a conhecer Cuba, país emblemático na História da América Latina, de praias paradisíacas, dos famosos charutos, do rum e da boa música.

E depois, dois encantadores destinos brasileiros: Lençóis Maranhenses e Jalapão.

Cuba – A boa música esquecida por muito tempo

O casario antigo e colorido contrasta com o asfalto cinzento ocupado por um sem-número de  carrões “rabo de peixe”, modelo clássico que ainda circula em Cuba. As paisagens de Cuba compõem o cenário para o premiado “Buena Vista Social Club”, documentário do cineasta  alemão Wim Wenders lançado em 1999.

O filme – cujo nome foi inspirado no disco e que, por sua vez, é uma homenagem a um dos  clubes mais famosos que já existiram em Havana – retrata a saga do produtor musical americano, Ry Cooder, que partiu para Cuba em busca de grandes nomes daquele país para gravar um disco.

O álbum venceu o Grammy de 1998, na categoria de “Melhor Álbum Latino Tropical  Tradicional” e o Billboard Latin Music Awards na categoria “Álbum Tropical/Salsa do Ano”.

Com depoimentos emocionantes de músicos como Ibrahim Ferrer, Omara Portuondo, Compay Segundo, Rubén González, Eliades Ochoa e outros nomes tirados do ostracismo por Cooder, filme e disco despertam paixões e uma vontade de conhecer o que mais há em Cuba.

E, acredite, tem muita coisa!

A capital e suas muitas atrações – Em Havana, não perca a oportunidade de passear pelas  praças coloniais de Habana Vieja e aproveite para garimpar raridades na feira de livros e discos  usados que acontece de segunda a sábado na mais antiga delas, a Plaza de Armas.

Passando pela Plaza de la Catedral, que abriga a catedral de San Cristóbal de La Habana (uma  das mais antigas das Américas), não deixe de visitar o bar mais conhecido do país. A Bodeguita  del Medio tem quase 8 décadas de existência e tornou-se mundialmente conhecida graças a seu frequentador mais notório, o escritor Ernest Hemingway, cuja bebida preferida era o refrescante mojito.

Estando na Calle Amargura, visite o Museu do Chocolate e, na Plaza Vieja, prove as deliciosas criações da microcervejaria La Factoria. Em Centro Habana, vale a pena conhecer o Gran Teatro de La Habana – sede do Balé Nacional de Cuba, uma das companhias mais importantes do mundo. Bem perto dali, fica o Capitólio Nacional, inspirado no de Washington.

Aproveite a região para comprar legítimos charutos cubanos na Fábrica de Tabacos Partagás. Para provar o “melhor daiquiri do mundo”, segundo Hemingway (que viveu muitos anos na  ilha), é fundamental visitar o restaurante El Floridita, onde a bebida foi inventada.

Além de experimentar bebidas tradicionais cubanas, não deixe de apreciar também os pratos  tradicionais, como Tamales, Ropa Vieja e o Arroz con Pollo. Eles podem ser encontrados no Jardin del Oriente e no La Imprenta.

Já no Museu da Revolução, antigo Palácio Presidencial, ricamente decorado pela gigante da  joalheria Tiffany & Co., estão expostas a boina, a máquina fotográfica e a espingarda de  Che Guevara. O anexo Memorial Granma guarda o iate que levou Fidel Castro, Che Guevara é outros 80 combatentes do México a Cuba, em 1956.

No bairro de Vedado está a Plaza de la Revolución, que abriga um grande mural com o rosto de  Che Guevara e o Memorial a José Martí. Neste bairro estão, também, o Hotel Nacional, local de onde Fidel administrou a Crise dos Mísseis, em 1962, e o ponto mais alto da cidade, ideal para tirar lindas fotos panorâmicas.

O hotel fica no famoso Malecón, calçadão à beira-mar que é um dos símbolos da cidade, de  onde se aprecia um lindo pôr do sol. Se a intenção é conhecer um lugar exótico, não se pode  deixar de ir ao bairro de Jaimanitas e ver de perto a Fusterlandia.

Ali, com milhares de pedaços de azulejos, o artista José Fuster transformou sua casa e parte do  bairro em um museu a céu aberto. Não à toa, é chamado de Gaudí caribenho.

Casa de Areia e as dunas dos Lençóis Maranhenses

Quem assistiu ao drama “Casa de Areia”, de 2006, filme do diretor Andrucha Waddington e estrelado pelas atrizes Fernanda Montenegro e Fernanda Torres, certamente se fascinou com as locações escolhidas.

O filme conta uma história de três personagens: Vasco (Ruy Guerra) e sua esposa Áurea (Fernanda Torres), que está grávida, e Dona Maria (Fernanda Montenegro), mãe de Áurea, que viajam em busca de viver melhor em terras recém compradas.

As dunas de areia muito branca entrecortadas por incontáveis lagunas que compõem a paisagem do filme são características de um lugar único no Brasil: o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses. Já falamos sobre este destino no Blog, mas paisagens paradisíacas nunca saem da memória. Esta vasta extensão de areia – que também conta com rios, lagoas e áreas de mangue – foi criada em 1981.

No entanto, para chegar até a configuração atual das dunas, a natureza demorou milhões de  anos. O processo geológico raro que deu origem aos montes de areia em forma de meia-lua é chamado de saltação.

Os 155 mil hectares do parque estão distribuídos pelos municípios de Barreirinhas, Atins, Primeira Cruz e Santo Amaro do Maranhão. Ali, há dois tipos de cenários, dependendo da  época do ano: nos tempos de seca, o parque se torna uma vastidão de areia banhada pelo oceano já que as altas temperaturas fazem evaporar a água das lagoas.

Mas se a vontade é visitar o parque em seu total esplendor, a época ideal é entre maio e  setembro já que as lagunas são formadas pela água das chuvas, com destaque para a Lagoa Azul.

Para aproveitar o que a região tem de melhor é fundamental contar com o apoio de guias  locais. Apenas os veículos 4X4 licenciados conseguem acesso ao parque. Não se esqueça de   levar boné, óculos escuros, filtro solar, água e um lanchinho, porque não há muitas opções no  local.

E se o substituto de Deus fosse brasileiro?

Deus se estressa com as mazelas da humanidade e com a necessidade de tomar conta dela. Ele resolve, então, tirar férias. Mas, antes, precisa encontrar um substituto e o escolhido é  brasileiro. A fim de encontrá-lo, passa a percorrer parte do país, acompanhado por Madá (Paloma Duarte) e Taoca (Wagner Moura).

Baseada no conto de João Ubaldo Ribeiro “O Santo que não acreditava em Deus”, a comédia  “Deus é Brasileiro”, é dirigida por Cacá Diegues e foi um dos maiores sucessos do cinema nacional, em 2003.

O filme começa nas praias de Japaratinga, um dos municípios da Costa dos Corais, também  chamada de “Caribe Brasileiro”, região localizada na porção norte de Alagoas, com 135 quilômetros de extensão.

Nas cenas, belas praias de um mar azul indescritível com extensa faixa de recifes de corais. O  próximo destino é a Foz do Rio São Francisco, onde o Rio encontra o mar, na divisa de Alagoas com Sergipe, no município de Piaçabuçu.

Depois de muito procurar, o “escolhido” para substituir Deus é encontrado no Tocantins, mais  precisamente no Parque Estadual do Jalapão. É em meio às grandes dunas de um alaranjado intenso que Deus comunica a Quincas das Mulas (Bruce Gomlevsky) que ele é o “escolhido”. Se  ele aceita ou não, vamos evitar o spoiler para quem não assistiu ao filme.

O Parque é o principal ponto turístico do estado e, além de locação de filmes e da novela “O  Outro Lado do Paraíso”, da Rede Globo, foi cenário do reality show norte-americano, “Survivor”.

“Xingu” e os irmãos Villas-Bôas

O Jalapão também serviu de locação para “Xingu”, de 2011, do diretor Cao Hamburguer. Neste  misto de documentário com cinebiografia que conta a história dos irmãos Orlando (Felipe Camargo), Cláudio (João Miguel) e Leonardo (Caio Blat) Villas-Bôas, há cenas incríveis filmadas  também na Reserva de Cantão; dentro do Parque Indígena do Xingu, considerado o maior do mundo, no Mato Grosso; e em São Paulo.

O irmãos Villas-Bôas saíram de sua casa na metrópole paulistana para se filiarem à Expedição  Roncador-Xingu, no anos 1930, na região do Centro-Oeste e Norte brasileiros, passando a conhecer profundamente a cultura indígena e defendê-la como uma missão de suas vidas.

Atualmente, muitas etnias indígenas têm aberto suas aldeias para a visitação turística. Em diferentes formas, cada um com sua organização, povos como os Xavante, Krahôs, Guaranis, Yanomamis e tantos outros oferecem vivências em suas aldeias.

Esta tem sido uma forma muito autêntica e transformadora de as pessoas interessadas na cultura e na história dos povos originários do Brasil conhecerem um pouco do que os irmãos Villas-Bôas encontraram em suas viagens.

Seja qual for o filme, ou o destino, o que vale mesmo é se desligar da correria do cotidiano e  curtir a paisagem, ao vivo ou na tela, e guardar cada detalhe na memória.