42 indígenas yanomami recebem diploma de graduação em Licenciatura Indígena.

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O povo Yanomami segue firme em sua luta para preservar sua cultura e seu território.

O projeto de formação de professores indígenas é uma parceria entre Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN). 

Desde o último dia 20 de agosto (2022), o município de São Gabriel da Cachoeira (AM), considerado o mais indígena do Brasil, passou a contar com 42 professores em Licenciatura Indígena: Políticas Educacionais e Desenvolvimento Sustentável.

A cerimônia de diplomação aconteceu na comunidade de Maturacá, um dos pontos por onde a expedição ao Pico da Neblina/Yaripo passa.  

Além de representantes da Universidade, a cerimônia contou com representantes da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn) e de outras associações indígenas da região.

Resistência Yanomami

Para o representante da Foirn, Dário Cassimiro Baniwa, quem ganha com o acontecimento é o povo indígena. “Desde o início dos anos 2000 estamos nesta luta. Só em 2009 conseguimos consolidar esse objetivo de alcançar o ensino superior com um conteúdo que refletisse a nossa realidade. Em 2010 houve enfim a seleção e foi no ano de 2014 que a Licenciatura iniciou suas atividades, efetivamente. Nossa luta é árdua e de anos, não acabará. Hoje, contudo, é noite de celebração”

Em sua fala, o reitor da Ufam, Sylvio Pulga, mencionou a Constituição Federal de 1988 pelo qual o Estado Brasileiro passou a incorporar a concepção de diversidade étnico-cultural, implicando dizer que os povos tradicionais estão, nos termos da lei, com os direitos resguardados.

“Na prática, o desafio de implementar políticas voltadas a esses povos é do tamanho da nossa região. É difícil promover conhecimento de forma que as etnias não se desassociem da cultura, de seu valor de pertencimento étnico, de sua língua materna ao passo que se insira nos processos de aprendizagem”, observou.

A professora Iraildes Caldas Torres, estudiosa, pesquisadora de gênero há mais de duas décadas das mulheres sateré-mawé e tikuna, de Maués, estava alegre ao ver o aumento expressivo da participação feminina: dos 42 diplomas emitidos, 13 foram conferidos a mulheres Yanomami.

Projetos para o futuro

Durante a solenidade de colação de grau, o reitor Sylvio Pulga  recebeu das lideranças indígenas o pedido de fazer da comunidade Maturacá um polo de formação, tal qual são polos comunidades Baniwa, Tukano e Yegatu (baré).

No mesmo documento, essas lideranças demandaram a universidade por cursos de EAD, que já são, em sua parte, ofertados pelo Centro de Educação a Distância.

O reitor reconheceu a reivindicação yanomami: “Além da educação diferenciada, entendemos que o pleito de vocês vai muito além: saúde, agricultura ambientalmente responsável e espaço de fala onde a instrução científico-tecnológica pode ajudá-los dentro do que nos compete e nós iremos ajudar a traçar essa caminhada”, disse Pulga.

Créditos: Esse texto tem informações e imagens de FOIRN e G1 e Ufam

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Parceria em projeto de ecoturismo ao Pico da Neblina/Yaripo

A Ambiental Turismo tem muito orgulho de ser uma das três empresas selecionadas pelo Povo Yanomami para ser parceira em seu projeto de ecoturismo ao Pico das Neblina (o Yaripo para o povo Yanomami).

Com isso, podemos dar nossa contribuição e acompanhar mais de perto todas as iniciativas desse povo para preservar sua cultura, seu território e resistir ao assédio do garimpo na região que leva doenças para os indígenas e devastação para a Floresta.

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