Maria Reiche, a Dama das Linhas de Nazca

Tempo de leitura: 5 minutos

Seguindo nossa série de textos que apresentam o trabalho de mulheres responsáveis por grandes lutas cujos resultados podem ser conhecidos em viagens, falaremos sobre Maria Reiche, a “Dama das Linhas de Nazca”. A série vai publicar um texto por semana, durante o mês de março.

Maria Reiche, a Dama das Linhas de Nazca
Maria Reiche

Se hoje podemos visitar e saber muita coisa sobre as impressionantes e super misteriosas Linhas de Nazca, se elas são intrigantes objeto de encantamento para milhares de turistas de todo o mundo que vão ao Peru anualmente, boa parte disso se deve a Maria Reiche (15.05.1903 – 08.06.1998).

Nascida em Dresden, na Alemanha, Reiche dedicou mais de 40 anos da sua vida àqueles desenhos. Munida dos instrumentos rudimentares de que dispunha na época: uma escada de mão como torre de observação e uma escova que lhe servia para limpar o terreno e tornar as linhas visíveis, um sextante (instrumento usado para calcular distâncias medindo ângulos verticais), bússola e uma caderneta, Maria acrescentou dois instrumentos brilhantes: sua mente matemática e seu coração apaixonado.

Com isso, mediu quase 50 figuras e mil destas linhas, às quais não só se dedicou a compreender os seus significados, mas também lutou para preservá-las e as tornar conhecidas.

Breve cronologia de uma vida de dedicação

Maria Reiche, a Dama das Linhas de Nazca
Foto de Maria Reiche estudando as linhas de Nazca, feita pelo romancista e escritor de viagens inglês Bruce Chatwin)

Maria Reiche estudou matemática, física e geografia na Universidade Técnica de Dresden e Hamburgo, onde se graduou em 1928. Foi em 1932 que a alemã, insatisfeita com os rumos que seu país tomava diante da ascensão de Hitler, resolveu sair do país e ir ao Peru, onde trabalhou para o Consul alemão em Cuzco. Terminado seu contrato, em 1934, Maria continuou no país, trabalhando como tradutora e fazendo restaurações de tecidos pré-colombianos do Peru.

Em 1938, foi contratada para trabalhar no Museu Nacional como assistente e tradutora do Dr. Júlio C. Tello. Em uma dessas traduções, ficou sabendo da existência de gigantescas linhas e figuras numa planície entre as regiões de Nazca e Palpa. Em 1941, foi convidada pelo arqueólogo norte-americano Paul Kosok para ser sua assistente de trabalho e observar aquelas figuras que só podiam ser vistas em sua totalidade a partir do ar.

Dali por diante, dedicou sua vida inteiramente para esse propósito. Chegou a mudar-se para uma cabana, inicialmente, sem água nem eletricidade, para poder ficar o mais perto possível do que, em uma obra que publicou em 1968, chamou de “mistério do deserto”. Ocupou a cabana por 25 anos.

Maria Reiche, a Dama das Linhas de Nazca

 Seu esforço de convencimento, junto ao Governo Peruano, para a preservação do local, fez com que, em 1970, o Instituto Nacional da Cultura peruano declarasse o deserto de Nazca uma área de proteção ambiental. Em 1974, criou o primeiro mapa sobre as figuras. Graças a ela, em um trabalho em parceria com as Forças Aéreas peruanas, sabemos que as figuras representam 18 diferentes tipos de animais e aves, além de centenas de figuras e formas geométricas. Seu trabalho levou a Unesco a conceder o status de Patrimônio Cultural da Humanidade às linhas, em 1994.

Teorias

Segundo as teorias de Maria Reiche, muitas das chamadas Linhas de Nazca guardavam relação com os ciclos e as mudanças climáticas numa espécie de calendário astronômico que mapeava os ciclos de chuvas, sol, os solstícios e equinócios e servia para o planejamento do cultivo de alimentos. Por exemplo, ao estudar a figura da parihuana, ou flamingo (que ocupa uma superfície de 300 metros), Reiche notou que “se pararmos na sua cabeça nas manhãs de 20 a 23 de junho e acompanharmos com o olhar na direção do bico, poderemos observar claramente a saída do sol, exatamente em um ponto de um morro localizado nessa direção”

Uma das primeiras e mais famosas figuras que estudou é a de um macaco com uma cauda em espiral (foto acima). Segundo Reiche, essa figura representava a união da constelação que conhecemos como Ursa Maior e outras estrelas próximas a ela. Já as figuras do golfinho e da aranha tinham relação com Orion.

Seu esforço de convencimento, junto ao Governo Peruano, para a preservação do local, fez com que, em 1970, o Instituto Nacional da Cultura peruano declarasse o deserto de Nazca uma área de proteção ambiental. Em 1974, criou o primeiro mapa sobre as figuras. Graças a ela, em um trabalho em parceria com as Forças Aéreas peruanas, sabemos que as figuras representam 18 diferentes tipos de animais e aves, além de centenas de figuras e formas geométricas. Seu trabalho levou a Unesco a conceder o status de Patrimônio Cultural da Humanidade às linhas, em 1994. Teorias Segundo as teorias de Maria Reiche, muitas das chamadas Linhas de Nazca guardavam relação com os ciclos e as mudanças climáticas numa espécie de calendário astronômico que mapeava os ciclos de chuvas, sol, os solstícios e equinócios e servia para o planejamento do cultivo de alimentos. Por exemplo, ao estudar a figura da parihuana, ou flamingo (que ocupa uma superfície de 300 metros), Reiche notou que “se pararmos na sua cabeça nas manhãs de 20 a 23 de junho e acompanharmos com o olhar na direção do bico, poderemos observar claramente a saída do sol, exatamente em um ponto de um morro localizado nessa direção” Uma das primeiras e mais famosas figuras que estudou é a de um macaco com uma cauda em espiral (foto acima). Segundo Reiche, essa figura representava a união da constelação que conhecemos como Ursa Maior e outras estrelas próximas a ela. Já as figuras do golfinho e da aranha tinham relação com Orion.

Prêmios de reconhecimento:

Ao longo de sua trajetória, Reiche acumulou prêmios. Alguns deles são: Medalha de Honra do Congresso do Peru, em 1981, as Palmas Magistrais, no grau de Amauta, e a Medalha Cívica da Cidade de Lima, ambas em 1986. Títulos de doutora honoris causa pelas universidades nacionais de Trujillo (1983), San Marcos (1986) e de Engenharia (1989). Em 1992 o Governo peruano lhe concedeu o título de Cidadã Honorária do Peru, oficializado com sua nacionalização definitiva no ano seguinte e, após sua morte, recebeu a Ordem do Mérito por Serviços Distinguidos, no Grau de Grã-Cruz.

Em Lima, capital do Peru, existe o Parque Maria Reiche, localizado na avenida costeira da cidade. Ali, os visitantes encontram as figuras de Nazca recriadas em escala reduzida, feitas de flores, em homenagem à Maria (foto abaixo). A cabana onde morou, hoje é um museu em sua homenagem (imagem acima), além de ela dar nome ao aeroporto local.

Maria Reiche, a Dama das Linhas de Nazca

Se você ainda não leu o primeiro de nossa série que fala da Arqueóloga Niède Guidon, clica aqui.

IMPORTANTE: A sugestão de Maria Reiche como personagem para nossa série de textos foi do Thiago Pires Carvalho, nosso consultor de vendas Ambiental Turismo! 

Quer saber mais?

Para saber sobre as linhas de Nazca, acesse:

https://www.peru.travel/pt-br/o-que-fazer/peru-milenar/linhas-geoglifos-nasca.aspx

Textos que foram fontes para esse artigo:

– Biografia de Maria Reiche: https://www.ebiografia.com/maria_reiche/

– Maria Reiche, a guardiã do mistério do deserto de Nazca:

https://brasil.elpais.com/brasil/2018/05/15/ciencia/1526369835_486038.html

– A História da pesquisadora alemã que dedicou sua vida às enigmáticas Linhas de Nazca:

https://br.sputniknews.com/americas/2018051611229667-peru-linhas-nazca-deserto-maria-reiche-fotos/

– Associação Maria Reiche

http://www.maria-reiche.org/nasca/Maria.html