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Pouco antes do horário marcado, uma fila começa a se formar para ingressar no local. Na entrada, os funcionários checam os bilhetes e oferecem informações de forma muito cordial.
Os assentos vão sendo ocupados enquanto no ambiente reina um burburinho. Passado um tempo, com os lugares preenchidos, tem início uma sequência de avisos.
Alguns enxergaram estas cenas como a entrada do cinema. Outros podem ter pensado que se tratava do embarque em uma aeronave.
Mas, para cinéfilos que são também amantes de uma boa viagem, não há necessidade de separar os assuntos. Nós, da Ambiental Turismo, preparamos uma sequência de dois textos, apresentando destinos que foram cenários de grandes sucessos das telonas. Inspire-se com a gente!
Filmes para conhecer mais sobre a África do Sul
“One Team One Country” – Invictus
“Invictus”, filme de 2009 é dirigido por Clint Eastwood e baseado no livro “Playing the Enemy: Nelson Mandela and the Game That Made a Nation”, de John Carlin.
Governando na era pós-Apartheid, em 1994, Nelson Mandela se depara com um país que, além da extrema pobreza, vive ainda um racha entre negros e brancos.
No ano seguinte, o país sediaria a Copa do Mundo de Rugby. Ao assistir um dos jogos da seleção, os “Springboks”, percebe que a parcela negra da população presente no estádio torce contra o time do próprio país – pois, para muitos ali, o time representa a supremacia branca.
Diante disso, em um vislumbre, Mandela percebe que o time de Rugby pode ser um elemento de união do país. Convida o capitão do time, François Pienaar, para embarcar com ele nessa missão. A construção política desta união pelo esporte é o principal tema do filme, baseado em fatos reais, que tem lindas imagens da África do Sul e mostra um pouco da vida e sensibilidade de Mandela, grande expoente da história do país.
Não é preciso dizer que – alerta de spoiler – a seleção sagrou-se campeã.
O papel de Nelson Mandela ficou a cargo do extremamente talentoso, Morgan Freeman; já François Pienaar, capitão da equipe da seleção sul-africana de rugby, foi vivido pelo, também talentoso, Matt Damon. O nome do longa-metragem foi inspirado no poema “Invictus”, do inglês William Ernest Henley (1849–1903).
“Eu só existo porque nós existimos” – Em minha terra
O tema Apartheid também está presente neste longa. No ano de 1996, o governo da África do Sul estabeleceu a Comissão da Verdade e Reconciliação no País. O objetivo da comissão era investigar e solucionar abusos contra os direitos humanos cometidos enquanto durou o regime separatista.
Esta é a história retratada no longa “Em minha terra”, de 2004. Baseado no livro “Country Of My Skull”, de Antjie Krog, o filme é estrelado por Samuel L. Jackson e Juliette Binoche, sob a direção de John Boorman.
O que chama a atenção nestas comissões é o fato de os algozes serem anistiados de seus atos desde que, estando frente a frente com suas vítimas, assumam o que realmente fizeram. A anistia se baseia na filosofia africana Ubuntu, que significa “Eu sou porque nós somos”. Desta forma, é mostrado que todos os seres humanos – independentemente do gênero, etnia, religião e outros tantos valores – estão interligados entre si.
Para cobrir os depoimentos das comissões, o jornal americano Washington Post enviou ao país o jornalista Langston Whitfield. Lá ele se encontra com a também jornalista sul-africana, Anna Malan e, juntos, produzem matérias jornalísticas sobre as sessões da Comissão.
O jornalista afro-americano vivido por Samuel L. Jackson passa por uma transformação interna para entender o conceito de Ubuntu e aceitar o porquê de os algozes serem anistiados. Já a jornalista sul-africana branca, vivida por Juliette Binoche, está mais familiarizada com o conceito e consegue lidar melhor com a ideia.
Segundo o que preconiza o ensinamento Ubuntu, para que uma pessoa da comunidade esteja feliz, é preciso que isso se estenda também aos demais, não sendo permitido levar qualquer tipo de vantagem pessoal em detrimento do bem-estar de um grupo.
Mais atual que nunca, no significado estão imbuídos sentimentos, como compaixão, compreensão, respeito, cuidado, partilha e humanitarismo.
Além de tudo isso, o filme ainda tem belas imagens do interior da África do Sul, mostra canções tradicionais e um pouco da cultura em geral dos povos dessas áreas.
É quase impossível assistir aos dois filmes e não se encantar com a fascinante África do Sul.
Já falamos aqui no blog sobre os muitos atrativos existentes que prometem agradar a todos os gostos: amantes da natureza, da cultura, crianças, aficionados por praia e esportes radicais e até enófilos.
Caso você não tenha tido a oportunidade de acompanhar, listamos os conteúdos abaixo:
● Bem-vindo à África do Sul, onde o mundo se faz presente em um único país
● Desvende um incrível Safári na África do Sul
● Conheça Cape Town, uma das joias da África do Sul
● Kruger Park, na África do Sul: um dos parques mais famosos do planeta
● As melhores adegas na África do Sul
Muita sensibilidade ambientada na Patagônia Argentina
“Luz sobre o autismo” – O farol das orcas
“Yo, yo!” foram as primeiras palavras de Tristan (vivido por Guinchu Rapalini) ouvidas por sua mãe, Lola (Maribel Verdú). A surpreendente reação do menino autista, de nove anos, aconteceu enquanto eles assistiam a um documentário exibido pelo canal Animal Planet sobre a história do biólogo e guardafauna argentino, Roberto Bubas, retratado por Roberto Furriel.
O profissional, morador da Península de Valdés, na Patagônia Argentina, ficou mundialmente conhecido por manter uma relação de “amizade” com uma orca chamada Shaka e trabalhar na preservação destes e de outros animais.
Vivendo na Espanha, Tristan e sua mãe cruzam o Atlântico em busca deste homem, na esperança de curar o autismo. Porém, para tratar o menino, Bubas terá que enfrentar uma proibição de que as pessoas tenham contato com as baleias. Esta é a história do filme “Farol das Orcas”, de 2016, um roteiro adaptado do livro “Agustín corazón aberto”, escrito pelo próprio Roberto Bubas.
Na história real, Agustín é um garoto argentino com comportamento autista que pronuncia suas primeiras palavras ao assistir a um documentário que retrata o cuidado e a amizade de Roberto com as orcas. A partir daí, seus pais, Ricardo e Graciela, decidem levar o garoto até o “fim do mundo” para encontrar aquela figura ímpar.
Apesar de filme, livro e vida real divergirem em alguns pontos, em comum entre eles estão as paisagens exuberantes da Península de Valdés, localizada na Província de Chubut, na Patagônia Argentina.
Patrimônio da Humanidade da Unesco, esta região com aproximadamente 4 mil quilômetros quadrados é habitat e refúgio de inúmeras espécies, algumas delas migratórias. E cada uma elegeu um local diferente.
Do sul para o norte, Punta Tombo é onde fica a Pinguinera, local reprodutivo dos pinguins-de-magalhães.
Já Puerto Madryn, a capital da província, acolhe leões marinhos. O passeio fica ainda mais divertido porque ali é possível nadar e mergulhar com esses animais curiosos e brincalhões. E as orcas retratadas no filme e no livro? Estão em Puerto Pirámides, cidadezinha distante 90 quilômetros de Puerto Madryn e declarada Patrimônio Mundial da Humanidade.
Quem deseja avistar as baleias deve ficar atento porque a “temporada de orcas” é apenas entre os meses de outubro e novembro e janeiro e março. Mas, esta não é a única espécie de baleia mais presente por ali.
Entre junho e setembro, as baleias francas-austrais deixam as águas geladas da Antártida para se reproduzirem ali. Saiba mais em: Embarque para conhecer a incrível vida marinha da Patagônia Argentina.
A arte inspira os viajantes a desbravarem os cenários ali retratados. Então, deixe-se levar por essas belas obras e inspire-se para escolher sua próxima viagem!