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10 de maio, comemora-se o Dia do Guia do Turismo. Com esse profissional, aproveitamos muito mais as nossas viagens… com um bom guia, nossa viagem fica mais segura, descomplicada, divertida, cheia de conhecimento…
Mesmo em tempos de pesquisas na internet, a presença de um guia segue sendo um enorme diferencial.
É esse profissional que tem informações especiais sobre aquele patrimônio histórico da cidade que visitamos… é ele que vivência a maneira como a população local interage com aquele espaço em seu dia a dia…
Quando entramos em uma trilha, é um enorme diferencial ter alguém ao lado que conhece a caminhada, suas atrações, perigos, alguém que tem o olhar treinado para identificar a fauna e a flora dali… coisas que provavelmente não notaríamos sozinhos…
É o guia quem conhece aquele lugar com um prato especial, um doce típico, uma história curiosa… é ele que pode colocar você em contato com moradores tradicionais de uma região e que a conhece para além das áreas turísticas.
Além disso, guias cuidam de pequenas burocracias e ajudam a liberar bagagens em terminais de embarque e desembarque. São eles que zelam para que o cronograma dos passeios saia dentro do planejado, tornando nossa viagem descomplicada e nos liberando apenas para o que há de mais proveitoso.
Porém, mais do que falar sobre essa profissão tão fundamental para o turismo, convidamos pessoas que têm belas memórias de um guia e, também, alguns guias para falar sobre sua profissão.
Começamos pelo Valdemir Martins (o Martins), guia da Ambiental em Bonito (MS), um dos mais experientes guias do Brasil.
O elogiado e premiado Martins
É super comum recebermos elogios ao trabalho do Martins, aqui na Ambiental. Tão especial é seu trabalho que Martins foi agraciado com o título de cidadão Bonitense e também recebeu uma moção de reconhecimento por divulgar Bonito em programas de televisão.
Uma de suas aparições mais recentes foi na série Expedição Brasil que foi exibida no Programa Esporte Espetacular da Rede Globo, Martins guiou a equipe que foi fazer a reportagem e é um dos entrevistados.
“O que me move a trabalhar como guia é a oportunidade de conhecer pessoas vivenciar experiências ensinar um pouco e aprender muito todos os dias. Este ano estou completando 24 anos de trabalho e procuro ainda ter o mesmo entusiasmo do início da carreira”, nos conta Martins.
Dos 24 anos decarreira, Martins está com a Ambiental há mais de 20. Perguntado sobre o segredo para o reconhecimento unânime de quem o conhece, respondeu: “A dedicação aos visitantes, a presteza no atendimento e as informações… acho que é o que faz o meu trabalho ser reconhecido”.
Além de valorizar a profissão, Martins está deixando seu legado. Sua filha Clarissa também é guia e os elogios têm vindo em família.
“Nós guias, antes de tudo, somos educadores”
Conversamos também com o Guto Bertagnolli, um experiente guia, ótimo fotógrafo e parceiro da Ambiental. Guto relembra seu começo da carreira: “Me formei em Biologia em 94 e meu primeiro trabalho foi como Guia Naturalista no Pantanal. Um contrato de 3 meses que acabou se transformando nos melhores e mais produtivos 4 anos da minha vida. O aprendizado profissional, ocrescimento como ser humano e as amizades desse período nunca mais se afastaram e me apresentaram para o mundo do turismo”.
Guto trabalha bastante com a Ambiental Turismo em viagens de incentivo e grupos de estudantes em viagens pedagógicas. Sobre a profissão que ele escolheu (ou quem sabe se não foi a profissão de guia que escolheu o Guto), nos disse: “Acredito muito na educação como a principal ferramenta para a solução dos problemas do Brasil. Nós guias, antes de tudo, somos educadores”.
Sobre a alegria de ser guia, nos disse: “Difícil pontuar o que me deixa mais feliz com o trabalho: o fato de me manter em movimento e aprendendo 100% do tempo, juntando isso com a possibilidade de conhecer pessoas, lugares e culturas diferentes”.
Foto de Guto em sua mais recente viagem à Índia (Crédito da foto: Guto de um Sadhu) “Não importa aonde você vá e aonde você quer chegar… O que vale a pena são os amigos que a gente faz e o quanto você se diverte pelo caminho!”
Iluminando a noite de Torino com timing e palavras perfeitas
Esther Rapoport, historiadora que se especializou em turismo, tem sólida carreira como guia e professora em cursos de turismo. Para falar da profissão, optou por exemplificar com um relato de uma situação inesquecível que aconteceu com ela graças às qualidades de um guia. “Já morava há alguns meses em Torino (Itália), mas resolvi fazer um Tour noturno pela cidade, mesmo achando que eu conhecia tudo da capital Savoia.
Saímos em um pequeno grupo com o guia, que em determinada rua da cidade nos fez parar em frente a um portão. Quando estávamos todos bem concentrados, olhando os detalhes que ele destacava no ferro batido, nos disse:
– Mas isso não é muito importante. Legal mesmo é o que está nas suas costas.
Viramos todos para olhar o outro lado da rua, e demos de cara com um monstro que saia da parede, sob um terraço, colocado sobre a porta de entrada do prédio em frente.
Foi um susto!! Eu já havia passado tantas vezes naquela rua, e nunca havia me deparado com aquele monstro que nessa noite estava rugindo para nós (foto acima). Aquele guia nos coreografou com delicadeza e requinte pela noite de Torino, jogou com nossa emoção na escuridão, num timing perfeito, com as palavras adequadas, e assim foi iluminando a cidade para mim”.
Ajudando uma pessoa com deficiência a conhecer os lençóis maranhenses
O experiente Consultor de Viagens, Daniel Graser, também fez questão de fazer dois relatos de momentos em que os guias fizeram trabalhos diferenciados, mesmo para alguém que já está há muitos anos no turismo, como é o caso dele. Vamos ao primeiro relato:
“Estava com minha família e sobrinhos em um city tour histórico em São Luís do Maranhão. Passear pelo centro da cidade é fácil e pode ser feito sem acompanhamento de guia. Mas, as boas explicações do nosso guia sobre a história da colonização e relatos sobre a vida dos escravos, mostrando rotas de fuga, entre outros, trouxe um grande valor agregado. Entende-se ao vivo o significado do ditado “sem eira nem beira” observando as casas. Para todos, foi uma aula de história ao vivo e a cores, inclusive tivemos acesso à lugares que não são abertos ao público”.
O segundo relato é um belo exemplo do quanto um trabalho de guia pode ser valioso: “Recentemente, uma cliente minha queria muito conhecer a Lagoa Bonita, nos Lençóis Maranhenses.
Para quem não conhece, o acesso para as dunas no Circuito Lagoa Bonita começa com uma subida muito íngreme de aproximadamente 80 metros (foto Abaixo). É um percurso com dificuldade razoável para pessoas sem qualquer deficiência… para pessoas com alguma deficiência, é muito difícil, quase impossível. O guia Enéas realizou esta façanha com minha cliente que anda somente com muletas. Ele conhece um acesso para chegar às lagoas sem subir o paredão de 80m. Tudo de bom !!!”
Olhos treinados
Thiago Esperandio (Depto de Comunicação Ambiental Turismo) também deixa seu relato:
Sempre que tem um feriado de dois ou três dias, eu e minha família gostamos de ir até São Luiz do Paraitinga, uma cidade no interior paulista com muitas atrações culturais e ecológicas. Entre as coisas que mais gostamos de fazer ali estão a caminhada pela trilha da Pirapitinga ou pela trilha do Poço do Pito, ambas dentro do Parque Estadual da Serra do Mar.
O guia Luciano faz toda a diferença. A família dele morou por ali antes de a região ser Parque e ele tem histórias muito legais da região. Além disso, ele conhece muito de botânica o que faz a caminhada muito interessante naquele bioma que é de mata atlântica. Mas o que mais nos impressiona e, ao mesmo tempo, diverte é que o Luciano consegue enxergar uns pequenos sapos que ficam nas beiradas da trilha (foto abaixo). São minúsculos… mesmo assim ele sempre acha uns e nos mostra. Brincamos que ele combina com os sapos um encontro na trilha porque enxergar aqueles pequenos seres durante a caminhada é muito difícil. Mas é só uma brincadeira mesmo, porque sabemos que é o olhar apurado de quem conhece a região que faz a diferença.
E você? Já teve um guia de turismo que fez toda diferença em sua viagem?