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A Natureza foi generosa com o Vale do Peruaçu. Localizado no norte do estado de Minas Gerais, nos municípios de Januária, Itacarambi e São João das Missões (650 km da capital Belo Horizonte), a região foi indicada como Patrimônio da Humanidade pela União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN – International Union for Conservation of Nature) por sua biodiversidade que é um deleite para os turistas e, também, de enorme importância para a ciência mundial.
Atualmente, 56 mil hectares desta região estão preservados sob o Parque Nacional das Cavernas do Peruaçu (PNCP). Recém estruturado para receber turismo em maiores quantidades, e visitar a região é uma ótima oportunidade para quem gosta de desbravar novos destinos.
A principal atração da região são as cavernas de tamanhos e riquezas naturais e culturais singulares. São milhares de anos em que a natureza foi construindo calmamente seus interiores com formações rochosas de rara beleza e onde foram crescendo jardins naturais.
A Gruta do Janelão é a mais notória delas, com 4.740 de projeção horizontal e com galerias que podem atingir altura e largura de 100 metros. Nesta gruta, encontramos a maior estalactite do mundo, chamada de a perna de Bailarina, com 28 metros (o equivalente aproximado a um prédio de 10 andares).
E isso não é tudo… pinturas rupestres e outros artefatos, encontrados em muitas cavernas, apontam para a presença de nossos antepassados na região, há mais de 12 mil anos.
Na Lapa do Boquête, um dos passeios feitos no parque, foram encontrados sepultamentos e a presença de equipamentos pré-históricos para a lavoura e armazenamento de grãos e sementes.
A fauna e a flora locais são predominantemente de Cerrado e Caatinga. O resultado pra quem admira a natureza é uma diversidade que encanta.
A população atual também traz consigo uma cultura de enorme diversidade e de muita sabedoria tradicional. A região é habitada por etnias indígenas e quilombolas, ribeirinhos, chapadeiros e outros grupos que vivem ali de forma sustentável. Lendas e crenças relacionadas ao Rio São Francisco estão presentes nas festas e folclores da região.
Peruaçu em alguns números
Estudos mostram que a região possui:
- 1.072 espécies botânicas registradas, muitas delas raras e consideradas ameaçadas de extinção. Espécies como aroeira-de-sertão, Braúna, Murici, Pau-Santo, cabiúna-de-cerrado, jatobá, barriguda e o pequizeiro estão entre as árvores típicas da região que encontramos.
- 19 animais presentes na lista de fauna ameaçada de extinção habitam a região. Entre eles estão: catita, tatu, tamanduá, lobo-guara, raposa-do-campo, cachorro-do-mato-vinagre, onça-pintada, onça-parda, jaguatirica, gato-do-mato, gato-palheiro, lontra, anta, porco-do-mato, veado, cervo-do-pantanal. A região é considerada um berçário das antas, local de abundância deste que é o maior mamífero terrestre brasileiro e animal de grande importância ecológica.
- 367 espécies de aves, algumas delas, só encontradas ali: cara-dourada, Araçapu-do-São-Francisco, bacurau-do-São-Francisco, o tico-tico-do-mato e a maria-preta-do-nordeste.
- 25 espécies de anfíbios, muitos deles típicos do cerrado e alguns encontrados apenas no parque.
O HOMEM PRÉ-HISTÓRICO
O acervo arqueológico do parque merece destaque. Pesquisas apontam para uma ocupação humana já entre 11 e 12 mil anos com as pinturas tendo entre 7 e 9 mil. Entre as pinturas, a chamada tradição do São Francisco, há muita pintura geométrica e as figuras humanas são raras nos desenhos. Porém as que existem são de grandes dimensões.
Há muita representação de vegetais, possivelmente, milho, mandioca, cactos e buritis. Predominam cores como o vermelho, o amarelo e o preto nas pinturas, além da própria cor da pedra que era aproveitada na composição dos desenhos.
Escavações encontraram silos (espaços para armazenamento) de milho, mandioca e urucum. Há indícios de que castanhas eram consumidas, assim como o pequi, o umbu, pitanga, jabuticaba, goiaba e outros frutos do Cerrado. Em seguida, o desenvolvimento da horticultura pelos moradores da região ampliou a dieta com alimentos como o feijão, abóbora, amendoim, pimentão e a batata.
Pinturas rupestres levam a crer que os habitantes locais dominavam a produção da farinha. O fogo era utilizado para quebrar a casca de alimentos mais duros e ferramentas ajudavam neste trabalho. A resina do Jatobá era usada para colar a pedra polida e a madeira, na confecção de ferramentas como o machado.
Sementes eram estocadas para o plantio e as cinzas as cobriam para evitar a presença de roedores, provavelmente. As palhas de milho eram trançadas para se transformarem em cordas. Cascas de coquinhos serviam de combustível para as fogueiras; ossos serviam para a produção de espátulas.
O sítio arqueológico de Boquete é um dos mais estudados e traz diversas destas descobertas.
O que fazer?
A área reservada à visitação do parque é feita em 6 diferentes roteiros:
1- Gruta do Janelão
Trilha mais procurada, leva o visitante ao que há de mais grandioso no parque. A caverna tem mais de 100 metros de altura, abriga jardins naturais e salões. Pinturas rupestres são encontradas em algumas de suas paredes, a maior estalactite do mundo, chamada de a perna de Bailarina, com 28 metros, é vista nesta trilha de 4,9 km ida e volta e com um nível de dificuldade considerado próximo do pesado.
2- Caminho da Lapa Bonita
Considerada uma das cavernas mais bonitas do parque, o roteiro pode incluir, também, a Lapa do Índio e a Lapa do Suspiro, de onde uma fenda escondida sopra uma leve brisa que vem de dentro do paredão.
Um painel de pinturas rupestres vai até o teto em uma de suas paredes e um mirante completam o passeio de 1,5Km ida e volta e de nível leve.
3- Lapa do Rezar
Segundo a população local, no passado a gruta era visitada por religiosos que iam fazer orações no local. Sua entrada tem 90 metros de altura por 40 de altura. As pinturas rupestres dessa caverna têm tons marrons avermelhados, com figuras antropomórficas que se distinguem das outras da região. As formações rochosas que compõem as paredes da caverna conhecida como Salão dos Gigantes são de grande beleza.
Esta trilha tem distância média de 2,4Km (ida e volta) e é considerada de nível pesado (ao longo do caminho são subidos cerca de 500 degraus).
4- Lapa do Caboclo e Carlúcio
Na Lapa do Caboclo, uma entrada estreita reserva um interior ricamente enfeitado pelas formações. O estilo das pinturas rupestres, chamado de caboclo, são considerados exclusivos do Vale do Peruaçu.
Já na Gruta do Carlúcio, a luminosidade na caverna favoreceu o crescimento de liquens e, com isso, as formações rochosas possuem uma coloração esverdeada bem característica.
Na trilha para esse roteiro, o visitante encontra mirantes, onde é possível observar a diversidade da natureza da região.
5- Lapa dos Desenhos
O nome já indica que vamos encontrar um exuberante acervo de pinturas rupestres, de diferentes estilos e técnicas que foram sendo adotadas ao longo dos milhares de anos de presença de nossos ancestrais na região.
A trilha margeia o rio e permite observar os efeitos dessa proximidade na Mata. No entanto, parte da trilha passa pela vegetação do tipo “mata seca” e, com isso, deixando bem nítido o contraste de paisagem. A distância desta trilha é de 2,6Km e ela é considerada de nível leve.
6- Lapa do Boquete
Nesta Lapa, encontra-se um dos principais e mais estudados sítios arqueológicos do Parque. Ali foram encontrados sepultamentos e a presença de um silo pré-histórico. Observar essas escavações são irresistíveis a quem tem curiosidade pela história da humanidade. Além disso, o roteiro ainda reserva belas pinturas rupestres e paisagens belíssimas. É uma trilha de 1,2Km (ida e volta) e de nível leve.
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